O USO DO LASER NO TRATAMENTO DA HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA
A hipersensibilidade dentinária é um problema que atinge atualmente grande parte da população. Além de causar desconforto bucal, gera uma série de inconvenientes na vida psicossocial do indivíduo, levando-o a restrições alimentares.
O tratamento eficaz da sensibilidade dentinária tem sido motivo de várias pesquisas na odontologia durante os últimos anos, e sem dúvida alguma, com o advento do uso do laser na odontologia tem-se uma nova opção de tratamento.
Devemos considerar dois tipos de lasers para o uso odontológico: os lasers cirúrgicos e os lasers não cirúrgicos. Podemos utilizar estes dois tipos de laser no tratamento da hipersensibilidade dentinária, sendo que atuam de maneira totalmente diferente. Por isso torna-se muito importante o conhecimento do mecanismo de interação tecidual de cada equipamento, seus efeitos e resultados clínicos.
Os lasers cirúrgicos têm ação de corte, vaporização, denaturação de proteínas e coagulação de vasos. Os lasers não cirúrgicos têm uma ação de biorregulação celular, com efeitos analgésicos, aintinflamatórios, cicatrizantes e miorrelaxantes.
A hipersensibilidade dentinária é devida à exposição da camada de dentina, após o desgaste da camada de esmalte ou cemento, expondo os túbulos dentinários e as terminações nervosas dos odontoblastos, que encontram-se dentro destes túbulos, que são submetidos a uma grande variedades de estímulos. Para Brännstrom (1964) a hipersensibilidade dentinária é resultado da ativação das fibras A da parede do tecido pulpar, que são fibras sensitivas na dentina. Os estímulos que ativam esses nervos são aqueles que removem os fluídos dos túbulos dentinários e mobilizam forças capilares causando um rápido fluído exterior(secreção) resultando uma rápida e similar secreção (fluído) na região da polpa do túbulo.
Ainda Brännstrom (1974), afirma que a hipersensibilidade é dada através das mudanças ocorridas na morfologia do dente e também pôr fatores psicológicos e neurofisiológicos, desde modo, não é facil diferenciar uma sensibilidade normal de uma hipersensibilidade.
A exposição da superfície dentinária pode ocorrer por uma série de fatores: pela escovação forçada, erosão, pela ablação que é causada pelo bruxismo, hábitos parafuncionais ou estresse oclusal; por problemas periodontais; por selamento incompleto da dentina após preparos de dentística; por deficiência fisiológica na junção esmalte-cemento; após preparos protéticos de dentes com vitalidade pulpar, após condicionamento do esmalte ou dentina por ácido não devidamente controlado, etc.
Jenson (1964) descreve que a cada quatro pacientes um apresenta os sintomas de hipersensibilidade dentinária. Esta dor foi definida por Lindhe (1988) como sendo aguda, súbita e de curta duração, podendo impedir a manutenção dos hábitos de higiene bucal, pois até o toque da escova pode causá-la.
HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA:
Segundo Zanin & Brugnera (1998) existem várias teorias que tentam explicar a hipersensibilidade dentinária:
1. presença de fibras nervosas intradentinárias que se originam na polpa e atravessam a dentina no interior do túbulo dentinário e se reencontram próximo à superfície externa da raiz. No momento em que a dentina calcificada é exposta, de 10 a 15 mil túbulos por milímetro quadrado são abertos e se tornam vulneráveis a diversos estímulos;
2. a excitação de uma fibra nervosa através da sinapse com o odontoblasto;
3. a excitação de uma fibra nervosa livre, dentro da polpa;
4. a teoria mais aceita atualmente é a teoria hidrodinâmica, que propõe que a hipersensibilidade dentinária é devida a um movimento mínimo no interior do túbulo, causando assim uma pressão no odontoblasto e a estimulação das fibras nervosas adjacentes.
Os fatores que regulam a transmissão hidráulica na dentina estão relacionados com o comprimento, o número e o raio dos túbulos. De acordo com a lei de Porsseville, o movimento de fluido é diretamente proporcional ao raio do túbulo, elevado à quarta potência. Assim sendo, pequenas modificações no raio tubular geram grandes modificações no grau de movimento do fluido, estimulando as fibras nervosas e provocando a dor.
Os estímulos responsáveis pela hipersensibilidade dentinária podem ser classificados como mecânicos, térmicos e químicos.
• Estímulos mecânicos
– após preparos cavitários e protéticos;
– após raspagem radicular ou cirurgia periodontal;
– escovação dental inadequada;
– certos hábitos bucais;
– forças oclusais não balanceadas
• Estímulos térmicos
– diferença térmica dos alimentos;
– choques súbitos de temperatura.
• Estímulos químicos
– alteração do pH: a influência ácida de restos alimentares, açúcares, acúmulo de placa bacteriana e cárie.
Outros fatores podem ser descritos como responsáveis pela exposição dentinária e consequente hipersensibilidade: fatores oclusais associados à flexão dental. Pacientes com bruxismo ou oclusão traumática geralmente produzem maiores estresses nos dentes. Estudos clínicos confirmam essa observação e encontram forte relação entre a presença de estresses oclusais e a presença de lesões cervicais. O esmalte e a dentina nas regiões cervicais são atípicos; o esmalte é geralmente fino e predominantemente aprismático, de modo que, sujeito às forças de compressão, pode sofrer microtrincas e desmoronamento devido à flexão dental, o que ocasionaria lesões cervicais (abrasão).
Há, também a predisposição anatômica para a sensibilidade dentinária devido à deficiência ou à a falta total de cemento na junção esmalte-cemento.
Outras vezes, os fatores que ocasionam a hipersensibilidade estão associados. Na confecção de preparos para prótese, o remanescente dental vitalizado sofre a ação dos três estímulos: os mecânicos, os térmicos e os osmóticos (químicos). Principalmente no preparo de coroa total, quando se expõe mais dentina para uma cobertura completa e também para permitir maior espaço para a porcelana. Sabe-se que nesse procedimento é importante a utilização de spray de água e ar nos instrumentos rotatórios em alta ou baixa velocidade para evitar danos pulpares devido ao aumento da temperatura.
Após o preparo de coroa total em um dente vitalizado, a dentina desnuda fica suscetível a estímulos mecânicos, como o jato de ar, e às substâncias químicas e bacterianas presentes na própria saliva, que podem gerar sensibilidade e uma resposta inflamatória. É importante nesta etapa uma proteção provisória adequada.
Dependendo da intensidade do estímulo, a sensação dolorosa pode ser reversível, maior ou menor, instalando-se assim a sensibilidade após preparos protéticos, o que exige do clínico uma rápida ação terapêutica.